Exposição da banca ao imobiliário comercial “é relativamente pequena”

Exposição da banca ao imobiliário comercial “é relativamente pequena”

2 de Abril, 2024 Não Por NEWS Imobiliário

Christine Lagarde alertou recentemente para riscos que existem este ano, com mais crédito malparado e a exposição dos bancos europeus a setores vulneráveis como o imobiliário comercial. Apesar do aviso deixado pela presidente do Banco Central Europeu (BCE), este é um cenário que não deverá afetar Portugal, onde o imobiliário comercial tem um peso e risco menor na banca nacional, pelo facto da política de concessão de crédito ter sido muito mais restritiva face à praticada noutros países da Europa.

Este é um tema, de resto, sobre o qual já escrevemos, em meados de fevereiro. Citando alguns especialistas, o Jornal Económico adianta que não há, por isso, razões para alarme.

“O nosso risco é muito menor por vários motivos. O primeiro tem a ver com o peso relativamente pequeno que o imobiliário comercial tem nas carteiras dos bancos como um todo. E depois a política de concessão de crédito foi muito mais restritiva do que aconteceu noutros países. Ou seja, na grande crise financeira e quando Portugal entrou nos programas de assistência financeira, foi obrigado a mudar muito os critérios em que dava os empréstimos”, explica Nuno Nunes, responsável de Mercados de Capitais da consultora imobiliária CBRE, citado pela publicação.

“Ao contrário da maior parte dos outros mercados europeus e americanos, quase todos os empréstimos comerciais em Portugal têm amortização. Ou seja, partimos de uma realidade em que, logo à partida, o dinheiro que é emprestado é mais baixo, em proporção do valor do ativo e depois vamos amortizando ao longo do empréstimo”, acrescenta.

“Bancos [portugueses] têm uma exposição relativamente pequena ao imobiliário comercial. Não só é pequena como exigem um grau de alavancagem bastante diferente daquele que exigiam no passado”
António Nogueira Leite, economista

Dados recentes do último relatório de estabilidade financeira do Banco de Portugal (BdP) indicam, de resto, que em junho de 2023 os empréstimos a Sociedades Não Financeiras (SNF) garantidos por imóveis totalizavam 25 mil milhões de euros, cerca de 30% do total de empréstimos a SNF em base consolidada, nível “contido” no contexto da zona euro.

O economista António Nogueira Leite diz não ter dúvidas de que “os bancos [portugueses] têm uma exposição relativamente pequena ao imobiliário comercial”. “Não só é pequena como exigem um grau de alavancagem bastante diferente daquele que exigiam no passado. A existir alguma alteração relevante no sentido da baixa dos preços do imobiliário, penso que o impacto nos bancos portugueses será relativamente pouco expressivo”, antecipa.

Fonte: Idealista